Um Aviso do Além


Quando eu tinha 10 anos, meu pai me obrigou a ir ao velório de um amigo dele que eu não conhecia. Chegamos à casa funerária, e o ambiente estava carregado de tristeza e murmúrios abafados. Eu me sentei num canto, esperando ansiosamente a hora de ir embora. O cheiro de flores e velas misturava-se com o ar pesado, criando uma atmosfera sufocante.

Enquanto eu estava ali, um homem se aproximou de mim. Ele tinha um olhar triste e cansado, e sua voz era suave, quase um sussurro. "Aproveita a vida, menina. Seja feliz porque eu não aproveitei." Ele passou a mão na minha cabeça de forma gentil e se afastou, desaparecendo entre as pessoas.

O tempo passou lentamente, e finalmente meu pai disse que era hora de irmos. Antes de sair, ele me obrigou a me despedir da pessoa morta. Relutante, me aproximei do caixão. Quando olhei para dentro, meu coração quase parou. Era o homem que havia conversado comigo momentos antes. Fiquei paralisada de medo, incapaz de compreender o que estava acontecendo.

A partir daquele dia, minha vida mudou drasticamente. Passei a ter pesadelos constantes, e o medo de ficar sozinha me consumia. Eu não conseguia dormir sem a luz acesa e comecei a frequentar um psicólogo. As sessões eram longas e dolorosas, mas nada parecia aliviar o terror que eu sentia.

Os anos se passaram, e eu tentei seguir em frente, mas a lembrança daquele dia nunca me deixou. Até que um dia, enquanto organizava algumas fotos antigas da família, encontrei uma imagem que me fez congelar. Era uma foto do homem do velório, mas ao lado dele havia outro homem idêntico. Descobri que aquele morto miserável tinha um irmão gêmeo.

A revelação trouxe um alívio momentâneo, mas também levantou novas questões. Quem era o homem que havia falado comigo? E por que ele parecia tão desesperado para me dar aquele conselho?

Decidi investigar mais a fundo e descobri que o irmão gêmeo do falecido havia desaparecido misteriosamente anos antes. Ninguém sabia ao certo o que havia acontecido com ele, e muitos acreditavam que ele estava morto. Mas se ele estava morto, como ele poderia ter falado comigo naquele dia?

Minha busca por respostas me levou a lugares sombrios e perigosos. Descobri que o irmão gêmeo havia se envolvido com práticas ocultas e rituais proibidos na tentativa de escapar de um destino trágico. Ele havia feito um pacto com forças desconhecidas, mas o preço foi alto demais. Sua alma estava presa entre o mundo dos vivos e dos mortos, incapaz de encontrar paz.

Com o tempo, comecei a perceber que o conselho que ele me deu não era apenas um aviso, mas um pedido de ajuda. Ele queria que eu vivesse a vida que ele não pôde ter, que eu encontrasse a felicidade que ele nunca conheceu. E assim, com um novo propósito, decidi honrar seu desejo. 

A partir daquele momento, comecei a aproveitar cada dia, a valorizar cada momento e a buscar a felicidade em todas as pequenas coisas. E, de alguma forma, senti que ele estava ali, me guiando e protegendo, finalmente encontrando a paz através de mim.
Gustavo José
Gustavo José Fascinado pelo mundo do terror e do suspense, sou o fundador do blog Terror Total, onde trago histórias envolventes e arrepiantes para os leitores ávidos por emoções fortes.

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