Uma mulher é forçada a tricotar com tendões humanos

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    Conto de TERROR - Terror Total

    Ela tricotava com o que pensava ser fio, mas na verdade era tendão. Tendão judeu. Eles de alguma forma a fizeram acreditar que ela estava vendo, tocando e trabalhando com uma lã mais macia para fio.

    Ela olhou para suas mãos pálidas, olhou no espelho para suas feições germânicas e arianas e as odiou, odiou o quão parecida ela parecia com aqueles que a faziam fazer tais coisas por meio de truques cruéis. Ela não se parecia em nada com os judeus não arianos que ela viu se arrastando para dentro daqueles prédios pateticamente sujos e pequenos, mal adequados para cães. Os alemães, os oficiais, mal conseguiam encaixar seus corpos mais largos e altos naqueles casebres.

    Ela podia ver, se realmente focasse o suficiente através do Véu da percepção errônea, os abajures já feitos de sua pele. Não eram pessoas, não os mortos que entraram, alguns quase vivos, mas os que faziam essas coisas. Ela odiava quando eles traziam os que estavam quase vivos porque eles os "animariam" antes de matá-los. Ela odiava aqueles momentos em que podia ouvir seus gritos de dor e terror. Era mais legal, o Véu, por esse motivo. Mas não era a verdade.

    Em momentos em que ela conseguia se ouvir pensando o suficiente, ela pensava em como essas pessoas mereciam ter sua verdade revelada, tê-la testemunhada, por mais horrível que fosse. Testemunhar a dor de um ente querido sobre a qual não se pode fazer nada é levar sua mensagem final aos outros: "não deixe que isso aconteça com eles".

    Ela nem sabia o que a alimentavam, mas se recusou a comer qualquer coisa que contivesse carne, já que tinha ouvido gritos antes e não sentia cheiro de animais sendo cozidos. Eles foram forçados a deixá-la comer as únicas coisas que ela podia: aveia e grãos. Ela queria apenas água neles, não confiando que nenhuma manteiga fosse apenas manteiga em vez de gordura, não confiando que nenhum leite ou creme não fosse gordura mais líquida.

    Era a parte do cérebro com a qual ela tentava pensar, a parte direita do meio para a frente. Era como se uma agulha continuasse cutucando sua mente sempre que ela tentava pensar além do Véu, como se a agulha estivesse mantendo o Véu no lugar.
    Ela era de alguma forma a favorita deles. Ela não tinha nenhuma lembrança de quem ela tinha sido antes, que a levou a este lugar, mas ela deve ter sido uma lutadora porque alguma parte instintiva e visceral dela continuou lutando contra o Véu, sua influência, a agulha, o que estava acontecendo com aquelas pessoas, os corpos e aqueles que começaram vivos.

    Havia uma outra favorita, embora de uma forma diferente. Ela chegou grávida, quase morta, ainda esperando o bebê. Ela era loira e de olhos azuis e parecia bastante com ela. Mas o bebê que ela viu que foi cortado da favorita grávida não era ela. Ela sabia que ela não estava lá desde a infância. O bebê foi cortado e colocado em um ensopado, pois tinha cabelos castanhos e olhos verdes, que foi mais ou menos na época em que ela começou a desconfiar da comida que queriam compartilhar com ela.

    O engraçado era que nenhuma dessas pessoas era ariana, e ainda assim elas não se matavam e comiam a si mesmas ou umas às outras. Até mesmo aquele que chegou carregando aquelas pessoas, mortas, quase mortas, não era ariano. Ele tinha cabelos e olhos castanhos e parecia um urso de um homem que ainda de alguma forma agia como um menino.

    Ela ouvia as conversas deles às vezes, onde ela estava sentada tricotando com lã de verdade. Eles reclamavam de se sentirem diferentes e oprimidos por esse líder deles, mas na forma como ele os tratava. Pelo que ela entendia, ele nem era ariano, mas insistia em tratar todos, menos ele, que não era, como se fossem uma classe inferior de pessoas, mesmo que trabalhassem para ele.

    Uma vez, eles notaram que ela havia ficado em silêncio, comentaram, depois começaram a olhar para ela, depois diretamente para ela com raiva nos olhos, então tudo ficou em branco para ela...

    Por Alexandra F.
    Gustavo José
    Gustavo José Fascinado pelo mundo do terror e do suspense, sou o fundador do blog Terror Total, onde trago histórias envolventes e arrepiantes para os leitores ávidos por emoções fortes.

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